Quando os contos de fadas acabam, começa a vida real...

| domingo, 3 de abril de 2011 | 0 sussurros do além |












Simples ação

| sábado, 19 de março de 2011 | 3 sussurros do além |
Ela caminhou pelo corredor tranquilamente, sem pressa. Levou os papéis para a recepcionista e respondeu às perguntas quase automaticamente. A calma na sua superfície não deixava transparecer em nada o que ocorria nas profundezas de seus pensamentos.

Em seguida, foi até o local onde deixara sua bolsa, mas nem mexeu nela. Segurou a pesada cadeira de metal pelo encosto e arremessou-a com força contra a janela de vidro. As outras duas mulheres na sala de espera se assustaram e correram para perto da recepcionista igualmente surpresa. A janela, entretanto, apenas trincou-se um pouco. “Tudo bem”, pensou ela, e ergueu a cadeira novamente, batendo com mais força. Fissuras mais profundas no vidro.

Olhou ao redor, viu as três mulheres ainda paralisadas. Isso lhe dava tempo, não iria demorar muito agora. Ergueu a cadeira mais uma vez, colocando toda sua força e sua vontade para agir e bateu uma última vez. O vidro cedeu e a cadeira escapou-lhe das mãos, mergulhando no vazio do outro lado.

Alguém gritava, alguém perguntava o que estava acontecendo. Ela não tomava conhecimento dessas coisas, apenas sentia o vento frio que entrava com força pela janela rompida. Via o vasto céu pálido de nuvens, a trama de ruas e avenidas que se espalhavam pelo chão, e a linha distante onde o solo e o céu se encontravam.

Não olhou para baixo, isso seria um erro, quebraria aquele momento. Manteve os olhos na linha do horizonte e caminhou com segurança para o dia cinzento lá fora. Um passo, dois passos, cacos de vidro sob seus sapatos, três passos e o vazio quando passou do lugar onde houve uma janela. Não queria que o chão se aproximando fosse sua última visão, então fechou os olhos e guardou em sua mente a vista do horizonte. Do oitavo andar até a calçada não levou muito tempo. Mas de qualquer modo, quem estava contando?

Coisas que não mudam

| quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011 | 1 sussurros do além |
Hoje recebi comentário num post antigo daqui, e como não me lembrava do assunto só pelo título, decidi reler o texto.

Dois anos se passaram desde aquele post e vejo que ele ainda é atual, que as coisas ainda são assim. Com raríssimas e preciosas excessões, devo reconhecer, em geral está tudo do mesmo jeito. Chega a ser um tanto frustrante ver que não mudei coisa alguma, e que provavelmente não vou mudar.

A solidão em que eu vivo já é esmagadora demais, eu simplesmente não quero cortar ainda mais o pouco contato que tenho com as pessoas, mesmo que a maioria delas só lembre de mim para me usar.